sábado, 16 de agosto de 2008

Hedgehog's Dilemma [2]

{arte: Natalie Shau}


O Dilema do Ouriço, às vezes chamado de Dilema do Porco-espinho, foi mencionado em textos de Schopenhauer e Freud, como um alegoria ao porquê de algumas pessoas escolhem o isolamento e a solidão.

O ouriço e o porco-espinho são ambos mamíferos com uma peculiar característica em comum: seu corpo é totalmente coberto por espetos afiados. Há um conto a respeito de dois ouriços que, para fugir do frio, tentavam se aproximar um do outro, como uma tentativa de encontrar calor um no outro. Mas seus espinhos afiados os feriam, e eles eram obrigados a se afastar, por mais que desejassem o contato e o calor.

Esse conto é usado como metáfora para o comportamento humano. Em toda relação humana, ao atingir-se um certo grau de proximidade ou intimidade, ocorre igualmente algum nível de desconforto. Os espinhos que nos afastam são os incômodos, dores, dificuldades... os desafios da proximidade, em suma.

O Dilema do Ouriço reside em escolher, o tempo todo, entre o frio e os espinhos, ou seja, entre a solidão e as dores. E é essa a explicação de porque algumas pessoas preferem a solidão e o isolamento. E é essa a explicação de porque brigamos tão mais com as pessoas que nos são mais próximas.

O caminho do isolamento possui muitas desvantagens, é o frio profundo da noite que nos penetra os ossos e nos deixa desesperados por contato humano.

Mas a proximidade, via de regra, também não deixa barato. Conviver estreitamente com outros seres humanos e abrir seu coração para eles é, invariavelmente, sentir alguma quantidade de dor.

Qual das alternativas é a melhor? Isso depende de cada um, de suas prioridades, facilidades, dificuldades. Se não fosse uma escolha difícil, não seria um dilema.

No momento, estou diante da bifurcação, olhando de um caminho para o outro, sem conseguir me decidir. Porque, por mais que eu odeie a solidão, às vezes é muito, muito difícil, me aproximar.

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